Relatório aponta que volatilidade cambial será a principal preocupação do mercado em 2025

A volatilidade cambial deverá emergir como uma das principais preocupações dos mercados financeiros em 2025, com potencial para provocar correções abruptas, conforme revelado no recente relatório de perspectivas da KKR. O documento, que foi divulgado esta semana, adverte que fatores como guerras comerciais, desequilíbrios fiscais e tensões geopolíticas devem intensificar os movimentos dos mercados de câmbio, instaurando um risco frequentemente subestimado pelos investidores. A análise da KKR indica que os tremores nas taxas de câmbio podem se tornar o “calcanhar de Aquiles” dos mercados no próximo ano, especialmente diante da falta de alinhamento nas políticas monetárias globais e do aumento substancial do endividamento público.
A conclusão do relatório é clara: agora não é o momento ideal para assumir riscos excessivos relacionados a flutuações cambiais, uma vez que tal decisão pode se tornar a narrativa central de 2025. As guerras comerciais e as perturbações fiscais não só podem exacerbar a volatilidade cambial, mas também têm o potencial de impactar significativamente as taxas de juros ao redor do mundo, criando um ambiente de instabilidade. Ademais, a elevada dívida pública pode enfraquecer a demanda por moedas nacionais, resultando em desvalorizações abruptas e surpreendentes.
Ao traçar paralelos com o passado, especialmente o período entre 1994 e 2000, a KKR sugere que investidores devem estar atentos às lições aprendidas. Após os aumentos nas taxas de juros em 1994, houve uma rápida recuperação dos mercados acionários, um fenômeno que já começamos a observar desde 2022. No entanto, a KKR também recorda que em 1998, a combinação de um cenário de alta volatilidade cambial e alavancagem excessiva resultou em uma correção do mercado que foi rapidamente subestimada pelos investidores daquele período.
Com base nessas observações, o relatório enfatiza que atualmente estamos testemunhando sinais semelhantes em alguns mercados financeiros. Um exemplo prático que ilustra essa situação é o caso do real brasileiro. A moeda nacional já demonstra os riscos apontados pela KKR, tendo registrado esta semana uma mínima histórica em relação ao dólar, o que a classifica como uma das moedas de pior desempenho em nível global. Desde novembro, os investidores têm vendido a moeda, motivados por preocupações com o crescente déficit fiscal e a insatisfação com as propostas de austeridade.
Essa instabilidade cambial no Brasil não apenas afeta a moeda em si, mas também reverbera nos mercados de dívida e ações do país. Evidentemente, os desequilíbrios fiscais e a fragilidade da confiança dos investidores podem aumentar ainda mais os riscos cambiais, criando um ambiente potencialmente perigoso para o mercado financeiro.
Ainda assim, mesmo com os alertas sobre a crescente volatilidade cambial, a KKR apresenta uma perspectiva otimista para 2025. A empresa antecipa que o índice S&P 500 possa atingir impressionantes 6.850 pontos até o final do ano, mantendo um ritmo de crescimento que pode levá-lo a 7.500 pontos em 2026. Essa expectativa é sustentada pela crença de que, embora haverá muitos momentos de volatilidade, consolidações e quedas ao longo do caminho, a trajetória de alta continua a ser viável.
Para mitigar os riscos que a volatilidade cambial pode trazer, a KKR aconselha os investidores a adotarem uma abordagem diversificada. Essa estratégia deve incluir uma combinação de exposição a grandes empresas de tecnologia e ações cíclicas, além de ativos de pequenas e médias capitalizações. Com essa diversificação, os investidores podem se proteger melhor contra as oscilações dos mercados de câmbio e construir um portfólio mais resiliente para os desafios que 2025 promete trazer. Dessa forma, o foco deve ser não apenas em maximizar o retorno, mas também em salvaguardar investimentos em um cenário financeiro volátil e incerto.