Práticas Integrativas: O Convívio Comunitário como Benefício para a Saúde Mental

Os benefícios da acupuntura, meditação e yoga para a saúde mental são amplamente reconhecidos e recomendados por profissionais de diversas áreas. Essas práticas integrativas, muitas vezes consideradas como alternativas terapêuticas, desempenham um papel crucial na redução do estresse, da ansiedade e da tensão emocional. Além de contribuírem para a saúde mental, as Práticas Integrativas em saúde (PIS) melhoram significativamente a qualidade de vida dos indivíduos, promovendo, também, ambientes favoráveis ao convívio e à interação social.
As consultas e sessões de PIS são distribuídas em Unidades Básicas de saúde (UBS) e Centros de Atenção Psicossocial (Caps), podendo ser realizadas tanto de maneira presencial quanto por meio de plataformas virtuais. Essa flexibilidade permite que um número maior de pessoas tenha acesso a essas práticas, possibilitando a promoção da saúde em sua totalidade. A diversidade de modalidades oferecidas atua como uma estratégia valiosa para a recuperação e manutenção do bem-estar psíquico e emocional.
Um exemplo inspirador é o relato de Valéria da Silva, uma motorista de 55 anos que encontrou apoio no grupo de Técnica de Redução de Estresse (TRE) do Caps II do Riacho Fundo. Para Valéria, a participação nas atividades do grupo se traduz em um impulso significativo para seu bem-estar mental, além de contribuir para a diminuição da pressão e dos desafios da vida cotidiana. Em suas palavras: “Você relaxa e esquece um pouco das coisas lá fora. Ao escutar as pessoas falarem dos problemas delas, percebe que o seu não é tão grave assim.” Essa percepção simbólica, onde o sofrimento alheio cria uma nova perspectiva sobre os próprios problemas, evidencia a importância da empatia e do suporte comunitário.
Após 11 meses envolvida na iniciativa, Valéria descreve a experiência como a descoberta de uma nova família, onde é possível expressar sentimentos e receber apoio. “Aqui eu encontrei apoio, posso falar o que sinto e me expressar”, ressalta, destacando o valor de um espaço acolhedor e seguro, que favorece a expressão afetiva e a construção de vínculos saudáveis.
A saúde mental é influenciada não apenas por condições individuais, mas também por fatores ambientais. As PIS abordam a saúde de forma holística, considerando diversas dimensões do ser humano, incluindo o aspecto físico, mental, psíquico, afetivo e espiritual. Essa abordagem integrativa, portanto, reconhece que a interação social e a vivência coletiva são experiências terapêuticas essenciais.
Felipe Tironi, gerente substituto de Práticas Integrativas em saúde (Gerpis) da Secretaria de saúde (SES-DF), ressalta que a vivência coletiva na prática de modalidades como o tai chi chuan é um recurso terapêutico valioso. Segundo ele, “um importante mestre do Tai Chi Chuan certa vez disse que o desenvolvimento da prática é individual, mas quando ela é partilhada coletivamente, torna-se capaz de fortalecer a comunidade, fazendo com que os indivíduos apoiem uns aos outros em suas necessidades.” Essa filosofia destaca a importância do suporte mútuo e da construção de comunidades mais saudáveis e coesas.
Dentro da Política Distrital de Práticas Integrativas em saúde (PDPIS), a Técnica de Redução de Estresse e o tai chi chuan estão entre as 17 modalidades disponíveis. Cada uma dessas áreas oferece contribuições específicas para a funcionalidade do indivíduo, melhorando sua capacidade de enfrentar as adversidades da vida. Fernanda Falcomer, subsecretária de saúde Mental da SES-DF, afirma que “um elemento importante da reabilitação psicossocial é o desenvolvimento da autonomia, a capacidade de ser protagonista da própria história. Quanto mais coletivizadas forem as suas experiências durante o tratamento, melhor será”.
No início do ano, o Janeiro Branco é um período simbólico que representa novas oportunidades e renovações. Essa época foi escolhida para promover uma campanha nacional voltada para a saúde mental e emocional. No Distrito Federal, a Rede de Atenção Psicossocial (RAPS) foi estruturada para atender pacientes de acordo com suas necessidades de saúde mental, oferecendo suporte em todos os níveis de atenção. O primeiro contato para aqueles que buscam tratamento deve ser feito na UBS mais próxima, onde uma equipe especializada, como a da Estratégia saúde da Família, garantirá o encaminhamento necessário para o suporte adequado.
Essas iniciativas ressaltam a importância de um cuidado integral e humanizado, essencial para a promoção da saúde mental e o bem-estar dos indivíduos. Ao reconhecer as dimensões multifacetadas da saúde, é possível criar vínculos mais fortes e oferecer um apoio efetivo que ressoe com as necessidades de cada pessoa.