Saúde

Plenária Final da COP29: Desacordos e Abandono de Negociações Marcam Evento Crucial

A plenária final da COP29 teve início às 20h deste sábado, no horário local de Baku, após um adiamento que ocorreu na noite de sexta-feira, 22, devido à estagnação das discussões. Este evento ocorre em um clima de tensão crescente e incertezas persistentes em relação aos resultados das negociações climáticas, que têm a atenção do mundo voltada para a busca de soluções para a crise climática.

De acordo com o Instituto Talanoa, que tem monitorado o progresso das negociações em tempo real, a atmosfera no centro de convenções é marcada por uma percepção quase unânime de que um colapso está prestes a ocorrer. Essa expectativa de falência nas negociações sugere que uma nova cúpula pode ser convocada em um local e data distintos, em um esforço para tentar encontrar uma saída viável para os entraves atuais.

A expectativa de um desfecho positivo para a COP29 vem se dissipando rapidamente, especialmente após incidentes recentes, nos quais delegações de países insulares e nações em desenvolvimento deixaram a sessão de negociações, expressando sua frustração com a falta de progresso nas discussões.

A recepção aos ministros na plenária também reflete essa insatisfação. Ao chegarem para o evento final, líderes e representantes foram recebidos por manifestantes que carregavam cartazes exigindo que o Norte Global assuma suas responsabilidades financeiras e construa um compromisso real, que é fundamental para desbloquear o avanço das negociações. Os protestos também procuram chamar a atenção dos anfitriões da Conferência, que enfrentam críticas pela condução dos diálogos.

Observadores experientes em COPs costumam afirmar que reunir um consenso entre quase 200 nações é uma tarefa intrinsecamente complicada. No entanto, as críticas se intensificaram em relação à presidência azerbaijana, que é acusada de cometer diversos erros na coordenação do processo, resultando na situação tumultuada que se observa hoje.

O Azerbaijão, cuja economia é fortemente dependente do petróleo e gás (representando 90% de suas exportações), se encontra em uma posição delicada, onde deve equilibrar seus interesses econômicos e o papel de mediador imparcial nas negociações climáticas. A situação se complicou ainda mais devido a uma série de incidentes diplomáticos que tumultuaram o ambiente da COP29.

Um dos momentos que aumentou a tensão foi a tentativa da delegação saudita de interferir em um documento oficial do Programa de Trabalho de Transição Justa. Isso é uma prática problemática, já que todas as nações recebem versões do texto em PDF que não podem ser editadas—isso serve para garantir a transparência e a igualdade no processo de negociação. Esse ato incomum intensificou ainda mais as críticas e questionamentos sobre a integridade das discussões.

John Podesta, chefe da delegação dos Estados Unidos, também foi alvo de protestos, enfrentando acusações de que o país estaria tentando obstruir as negociações sobre o Novo Objetivo Coletivo Quantificado (New Collective Quantified Goal – NCQG). Esse tema é central nas discussões, pois implica compromissos financeiros e ações concretas que podem ajudar na mitigação das mudanças climáticas.

Um observador da WWF, que preferiu não se identificar, comentou em conversa que o adiamento da plenária final pode ser visto como uma estratégia arriscada da presidência azerbaijana. Segundo este especialista, que acompanha todas as COPs desde a sua criação, a escolha de tornar públicos os desacordos e pressionar por soluções diante da comunidade internacional pode tanto facilitar um acordo quanto provocar o definitivo colapso das negociações.

Estamos vivendo um momento crítico e decisivo. O avanço das propostas de financiamento, que variam de US$ 250 bilhões a US$ 300 bilhões anuais, representa um progresso, mas ainda não atende plenamente as expectativas dos países em desenvolvimento e das nações mais vulneráveis aos efeitos das mudanças climáticas.

Assim, as próximas horas serão cruciais para a COP29. Será um desafio determinar se conseguirão superar as contraditórias situações internas e alcançar um resultado satisfatório. O sucesso nesta empreitada é vital para que Baku evite se tornar apenas mais um capítulo frustrante na longa e complexa narrativa das negociações climáticas internacionais, que visam enfrentar uma das maiores crises já enfrentadas pela humanidade.

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