“Peixe do Juízo Final avistado pela terceira vez na costa da Califórnia em 2023”

O peixe-remo, uma enigmática criatura das profundezas do oceano, foi mais uma vez avistado nas praias de Encinitas, na Califórnia, o que gerou alvoroço entre científicos e entusiastas da vida marinha. Considerado um sinal de que algo pode não estar bem no ambiente marinho, este avistamento é o terceiro registrado no estado nos últimos três meses, marcando um total de apenas 22 avistamentos em um século. Com impressionantes 2,7 metros de comprimento, o peixe foi encontrado na costa de Grandview Beach no dia 6 de novembro, sendo identificado por Alison Laferrier, integrante do Instituto de Oceanografia Scripps, vinculado à Universidade da Califórnia em San Diego.

Após a descoberta, o espécime já sem vida foi resgatado pela Administração Oceânica e Atmosférica Nacional e posteriormente levado ao Centro de Ciências Pesqueiras do Sudoeste para análises detalhadas. Ben Frable, gerente da Coleção de Vertebrados Marinhos da Scripps, afirmou em uma postagem que amostras foram coletadas e o peixe foi congelado, aguardando um estudo mais aprofundado e preservação no acervo científico da instituição. A importância do peixe-remo vai além de seu aspecto físico; ele carrega uma vasta história cultural e científica.

O chamado “peixe do juízo final” é cercado por superstições e mitologia, especialmente no Japão, onde sua aparição nas águas rasas é frequentemente interpretada como um prenúncio de desastres naturais, como terremotos e tsunamis. Em 2010, antes de um dos maiores terremotos da história do Japão, foram relatados inúmeros avistamentos de peixe-remo na costa japonesa. Pesquisadores levantaram a hipótese de que a movimentação tectônica responsável pelos terremotos poderia influenciar a morte desses animais, levando-os a serem trazidos para a praia. Contudo, um estudo realizado em 2019 não encontrou conexões diretas entre os avistamentos de peixe-remo e as ocorrências sísmicas no Japão, levantando questões sobre a natureza desse fenômeno.

A maioria dos peixes-remo vive em ecossistemas pouco explorados, especialmente na zona mesopelágica, que se estende até 900 metros abaixo da superfície do mar. Essa condição torna os avistamentos dessa espécie ainda mais raros. Frable observou que este espécime poderia fornecer informações valiosas sobre a biologia, anatomia e genética do peixe-remo, aumentando nosso entendimento sobre sua história de vida e adaptações ao ambiente profundo do oceano.

O primeiro avistamento do peixe-remo na Califórnia neste ano ocorreu em agosto, quando um espécime de 3,6 metros foi visto em La Jolla Cove. O peixe foi percebido por mergulhadores e caiaquistas, mostrando sinais de boa saúde antes de ser resgatado para estudos adicionais. Esse evento ressalta a importância de monitorar a fauna marinha, especialmente em áreas próximas a cânions subaquáticos que permitem a entrada de organismos das profundezas em águas mais rasas.

Outro avistamento ocorreu em Huntington Beach em setembro, mas, infelizmente, o espécime estava em estado de degradação avançada. Os motivos para a mortalidade desses peixes-remo permanecem incertos, podendo estar relacionados a múltiplas variáveis, como mudanças climáticas e alterações nas condições oceânicas, incluindo a recente maré vermelha e a influência dos ventos de Santa Ana.

As observações dessa espécie ao longo dos anos têm proporcionado aos cientistas uma oportunidade única de aprender mais sobre este fascinante e misterioso animal. As análises genômicas realizadas a partir desses espécimes podem revelar adaptações evolutivas que permitiram ao peixe-remo prosperar em ambientes desafiadores e de alta pressão das profundezas oceânicas. A bióloga marinha Dahiana Arcila, curadora da Coleção de Vertebrados Marinhos da Scripps, destacou a importância desses achados para ampliar nosso conhecimento sobre a biodiversidade marinha e os desafios que essas criaturas enfrentam.

Esses avistamentos não apenas impulsionam a pesquisa científica, mas também chamam a atenção para a necessidade de conservar os ecossistemas marinhos e proteger as espécies que habitam essas águas profundas. O peixe-remo, com sua aparência impressionante e comportamento enigmático, continuará a inspirar tanto curiosidade científica quanto reflexões sobre a saúde dos oceanos e as interações entre espécies e seu ambiente.