Paridade de Gênero em Finanças e Tecnologia: Mulheres Exigem Mudança Urgente Antes de 2155

A trajetória das mulheres no mercado de trabalho é marcada por avanços significativos e desafios contínuos. Até o ano de 1827, o acesso à educação formal era uma realidade distante para as mulheres, com a possibilidade de frequentar escolas sendo extremamente restrita. Somente em 1879 as universidades começaram a se abrir de forma tímida para a presença feminina, delineando um caminho gradual e muitas vezes difícil rumo à inclusão. Apesar da lentidão do progresso ao longo do século 20, temos hoje 83% de mulheres alfabetizadas e conseguimos nos tornar a maioria nas instituições de ensino superior do país, estudando, em média, dois anos a mais do que os homens. Essa evolução, embora celebrada, ainda não se reflete de maneira equitativa no mercado de trabalho.
Conforme dados da Confederação Nacional da Indústria (CNI), as mulheres ocupam apenas 39% dos cargos de liderança no brasil. Essa proporção insuficiente revela um panorama onde, mesmo com maior formação acadêmica, a inserção das mulheres em posições de destaque continua a ser um desafio. Em 2023, a paridade salarial apresenta apenas 78,7 pontos de um total de 100, indicando que ainda há um longo caminho a percorrer para alcançarmos igualdade na remuneração. Essa desigualdade se agrava para as mulheres negras, que, de acordo com o Relatório de Transparência Salarial, recebem, em média, apenas 50,2% do que os homens não-negros ganham.
As projeções apontam que, se mantivermos o mesmo ritmo de avanço na equidade de gênero na participação econômica, levará impressionantes 131 anos até que o mundo alcance a igualdade plena entre homens e mulheres, segundo o Fórum Econômico Mundial. O impacto desse cenário é evidente quando analisamos a composição da população brasileira: as mulheres representam 51,5% da população e são responsáveis por 49% dos lares, conforme dados do IBGE. Entretanto, essa responsabilidade vem acompanhada de desafios ainda mais profundos; uma pesquisa recente da B2Mamy revelou que 9 em cada 10 mães relatam sintomas de Burnout Parental, refletindo a exaustão emocional associada aos cuidados familiares.
Esses números destacam a urgência de se discutir a diversidade em ambientes corporativos, não apenas em termos de gênero, mas de inclusão em um sentido mais amplo. Promover diversidade, equidade e inclusão não é apenas uma prática corporativa vantajosa, mas um imperativo para a construção de uma sociedade mais justa e igualitária. Vale ressaltar que oferecer oportunidades equitativas a todos os funcionários não prejudica os negócios; pelo contrário, empresas que valorizam a diversidade frequentemente registram lucros 25% superiores à média, de acordo com a consultoria McKinsey.
Na Amazon Web Services (AWS), temos um compromisso firme com a promoção de um ambiente inclusivo, que favoreça o pertencimento e a relevância de todos. Eventos como os do Mês da Consciência Negra, organizados pelo Black Employee Network, são apenas um exemplo de como discutimos e promovemos o desenvolvimento de carreiras sob diversas perspectivas, abordando a gestão de equipes racialmente diversas e incentivando boas práticas em cenários desafiadores.
Recentemente, tivemos a oportunidade de reunir mulheres líderes de diferentes empresas brasileiras que investem na agenda de diversidade e inclusão. Durante este encontro, partilhamos experiências e melhores práticas, pois acreditamos que o conhecimento coletivo é fundamental para avançarmos mais rapidamente. Embora não exista uma fórmula única para incrementar a diversidade e a inclusão no ambiente corporativo, algumas diretrizes se destacam, como tratar o tema como uma estratégia essencial da empresa, estabelecer mecanismos que favoreçam a contratação e retenção de talentos, criar ambientes seguros para todos os grupos e garantir uma liderança diversificada e inclusiva.
Um aspecto importante discutido foi o papel dos aliados na luta pela equidade de gênero. Mudanças significativas não podem depender apenas do engajamento feminino; os homens também desempenham um papel crucial nesse processo. Como bem lembrou o ator e psicólogo Diogo Almeida, é fundamental que os homens se reeducquem, afastando-se das estruturas machistas que ainda persistem em nossa sociedade. Para aqueles que não sabem por onde começar, o diretor de arquitetura de soluções da AWS, Luis Liguori, sugere uma abordagem simples: não tenha medo de aprender, ouça suas colegas, pratique e ajude a semear mudanças positivas.
Por fim, como podemos avaliar se uma empresa está realmente avançando nas ações de diversidade e inclusão? A resposta é clara: assim como em qualquer objetivo organizacional, é fundamental monitorar e medir os resultados. Quando as metas não são atingidas, é necessário revisar estratégias, aprender com experiências anteriores e estar aberto ao feedback da equipe para promover os ajustes necessários.
Juntos, podemos desmantelar barreiras e construir um futuro onde todos desfrutem de oportunidades iguais para prosperar e brilhar. Este é um esforço coletivo em prol de um ambiente de trabalho mais equitativo e respeitoso, essencial para o progresso social e econômico.