“Ilha do Silício no Sul do Brasil: 25% do PIB Proveniente do Setor de Tecnologia”

Florianópolis, reconhecida por suas deslumbrantes praias e excelente qualidade de vida, tem se destacado nos últimos anos também como um poderoso centro de tecnologia e inovação. Atualmente, cerca de 25% do Produto Interno Bruto (PIB) da cidade é atribuído a empresas inovadoras, refletindo um impressionante faturamento de 12 bilhões de reais em 2023. Esses dados são resultado de um levantamento inicial feito pela Rede de Inovação de Florianópolis, uma colaboração entre a Associação Catarinense de Tecnologia (ACATE) e a prefeitura, com o objetivo de monitorar e impulsionar o crescimento do setor tecnológico na capital catarinense.
Em termos de representatividade, Florianópolis se destaca entre todas as capitais brasileiras. Nenhum outro município do brasil apresenta uma porcentagem tão significativa de tecnologia em seu PIB, com exceção de Barueri, em São Paulo, que alcançou 27,2%. A cidade recebeu, em 2024, a designação de Capital Nacional das Startups, um reconhecimento que consolidou um crescimento que se iniciou há várias décadas.
Nos anos 1980, a economia local era fortemente baseada no funcionalismo público e no turismo. Naquela época, o setor de tecnologia estava apenas nos seus primórdios, mas já mostrava sinais de potencial. As instituições acadêmicas, como a Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e a Universidade do Estado de Santa Catarina (Udesc), começaram a formar profissionais qualificados em áreas tecnológicas. Com isso, o surgimento de centros de pesquisa, como a ACATE e a Fundação Certi, ampliou as possibilidades de inovação e desenvolvimento.
Incentivos governamentais se tornaram essenciais nesse processo. A administração local implementou programas de apoio e ofereceu benefícios fiscais específicos, o que fomentou uma cultura empreendedora e permitiu que o mercado tecnológico se expandisse rapidamente. Hoje, Florianópolis abriga a maior concentração de startups de tecnologia do brasil, com 7,4 empresas tecnológicas para cada 1.000 residentes, superando até mesmo cidades tradicionalmente conhecidas como polos tecnológicos, como São Paulo e Curitiba.
Ainda assim, grande parte das empresas de tecnologia da cidade encontra-se nos estágios iniciais. Statísticas mostram que 42% dos negócios geram até 81.000 reais anuais, enquanto 46% faturam entre 81.000 e 360.000 reais por ano. Assim, o crescimento contínuo do setor está intrinsicamente ligado à formação de novos talentos e à atração de investimentos estratégicos.
Florianópolis ocupa atualmente a sétima posição no ranking nacional de empregos no setor tecnológico, mas apresenta um crescimento mais acelerado em comparação a cidades como Porto Alegre e Curitiba. O foco em políticas públicas e parcerias entre universidades e empresas locais têm sido fundamentais para garantir esse progresso e expandir a relevância do ecossistema em uma escala global.
De acordo com Diego Ramos, presidente da ACATE, a trajetória de Florianópolis como um polo tecnológico tem sido impressionante. O desafio futuro será manter esse ritmo de crescimento e continuar atraindo novos investidores para o setor. “Saímos de um pequeno centro técnico para nos tornarmos um dos principais ecossistemas de inovação do brasil“, afirma Ramos.
O cenário empresarial de Florianópolis é diversificado, com aproximadamente 6.100 empresas de tecnologia empregando cerca de 38.000 pessoas. Destacam-se no mercado companhias robustas, algumas com faturamento superior a 10 milhões de reais por ano. Entre elas, estão empresas como Softplan, Nexxera, Dígitro e Pixeon, que mantêm suas operações na cidade, mesmo após passarem por fusões e aquisições.
Paralelamente, novas promessas de startups estão emergindo. Um exemplo é a Indicium, especializada em inteligência de dados, que atraiu um investimento de 200 milhões de reais no ano passado. Casos como os da RD Station e da Neoway, que foram vendidas em transações bilionárias, ilustram a capacidade do ecossistema local de gerar negócios com potencial significativo de crescimento.
O desafio atual reside na continuidade da formação de talentos e na atração de mais investimentos estratégicos. O setor de tecnologia já representa 45% dos empregos formais em Florianópolis, posicionando a cidade como o sétimo maior mercado de trabalho nesse segmento no brasil. “Estamos orgulhosos de sermos a capital brasileira com a maior representatividade da tecnologia no PIB municipal. Nosso compromisso é fortalecer ainda mais esse ecossistema para consolidar Florianópolis como um polo de inovação, tanto em nível nacional quanto internacional”, declara Juliano Richter Pires, secretário de Turismo, Desenvolvimento Econômico e Inovação do município.
À medida que a Ilha do Silício no sul do brasil continua a crescer, uma pergunta persiste: até onde Florianópolis pode chegar em sua jornada como um hub tecnológico de excelência?