Governo Lula enfrenta falta de vacinas contra a Covid devido a estoques vencidos

**A Crise de Vacinas da Covid-19 no brasil: Desafios e Perspectivas**
**Brasília, DF** – O governo Lula (PT) se encontra em uma situação crítica relacionada à vacinação contra a Covid-19, especialmente após cerca de um terço do lote adquirido da vacina da farmacêutica Moderna ter perdido validade. Essa situação emerge em um momento em que a necessidade de imunização continua a ser um tema relevante, mas a escassez de vacinas adequadas está afetando a entrega imediata. Com o estoque do Ministério da Saúde se esgotando e a falta de imunizantes de outras marcas, a pasta, sob a liderança de Nísia Trindade, foi forçada a reduzir a distribuição das vacinas nos últimos meses. Atualmente, todas as vacinas armazenadas estão vencidas, resultando em uma situação alarmante para estados e municípios, que enfrentam uma escassez significativa de vacinas, especialmente para o público infantil.
Os lotes perdidos fazem parte de um enorme contrato firmado pelo Ministério da Saúde para a aquisição de 12,5 milhões de vacinas da Moderna, adaptadas à variante XBB, totalizando um investimento de R$ 725 milhões. Até o momento, o ministério conseguiu repassar 8,26 milhões dessas vacinas aos estados, enquanto cerca de 4,2 milhões estão retidas no estoque devido à perda de validade. Em uma tentativa de resolver a situação, a Moderna já recolheu 1,2 milhão de vacinas que estavam a ponto de vencer, prometendo trocá-las por doses com prazos de validade mais longos. Documentos internos do Ministério da Saúde indicam que cerca de 3 milhões de vacinas restantes, todas vencidas, devem ser substituídas em breve por um novo modelo da farmacêutica, adaptado à cepa JN.1.
O plano inicial do ministério era acelerar o processo de imunização contra a Covid-19 em 2023 através da compra desta significativa quantidade de vacinas da Moderna. No entanto, a assinatura do contrato emergencial ocorreu mais tarde do que o desejado, com as primeiras doses começando a ser entregues ao Sistema Único de Saúde (SUS) somente em maio. Além disso, a farmacêutica entregou vacinas que apresentavam prazos de validade menores do que os estipulados no contrato, levando o ministério a solicitar uma troca em agosto, sem custo adicional.
No fim de setembro, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) autorizou a importação de 1,2 milhão de vacinas com validade estendida até 2025 como substituição dos lotes recolhidos. No entanto, essas novas doses ainda necessitam passar por rigorosos controles de qualidade antes que possam ser distribuídas nas redes estaduais e municipais.
Os desafios enfrentados pelo Ministério da Saúde vão além da questão do estoque. Fatores como a validade das vacinas, a rigorosa necessidade de temperaturas de armazenamento e a proliferação de desinformação nas redes sociais têm se mostrado como grandes obstáculos para a eficácia da campanha de vacinação. O diretor do Programa Nacional de Imunizações (PNI), Eder Gatti, declarou que, apesar dos esforços do ministério em termos de orçamento, contratos e planejamento, a dependência de múltiplos atores na cadeia de fornecimento de vacinas é uma complicação que pode levar a desabastecimentos indesejados.
De acordo com Gatti, “obedecemos à demanda estadual”, e, enquanto os estados estão adequadamente abastecidos com vacinas para adultos, a situação é bem diferente para o público infantil, que ainda apresenta um notável desabastecimento.
No primeiro mês de entrega das vacinas da Moderna, em maio, foram disponibilizados 3,55 milhões de doses. Contudo, esse número diminuiu drasticamente para apenas 550 mil em setembro. Até agora, dados do Ministério da Saúde revelam que 3,1 milhões de doses da Moderna foram aplicadas, o que representa menos da metade do total disponível.
A Adium, empresa responsável por representar a Moderna no contrato, afirmou que todas as vacinas que estavam próximas ao vencimento seriam substituídas prontamente, destacando que várias das trocas já começaram a ser realizadas. A empresa também garantiu que entregou vacinas dentro dos prazos de validade contratados.
Para 2024, o governo tinha planos ambiciosos de adquirir 70 milhões de novas doses, mas até o momento, apenas o contrato para 12,5 milhões de doses da Moderna foi assinado. Além disso, o Ministério da Saúde está em processo de negociações para registrar preços de um adicional de 69 milhões de doses com outras farmacêuticas.
Entretanto, o cenário atual também traz à tona críticas direcionadas ao governo, provenientes de especialistas em saúde pública e a comunidade científica, especialmente considerando o legado da gestão anterior, que desprezava as vacinas. Gatti destaca que a resistência de grupos negacionistas à vacinação infantil foi uma barreira significativa para a eficácia da campanha do SUS, apesar das iniciativas de comunicação implementadas nos últimos anos.
Em setembro, a Confederação Nacional dos Municípios (CNM) divulgou uma pesquisa que revelou que 770 dos 2.415 prefeitos que participaram do estudo indicaram a falta de vacinas para o público infantil como uma questão premente. O ministério admitiu que houve escassez de doses e que estava tomando medidas para substituir os lotes que estavam se aproximando do vencimento.
Além disso, recente informação aponta que o governo também enfrentou perdas de pelo menos 80% de um lote de 10 milhões de vacinas Coronavac, adquiridas tardiamente em 2023, com um prejuízo superior a R$ 260 milhões. O plano do Ministério da Saúde, segundo Eder Gatti, é regularizar a aquisição de vacinas e garantir a oferta contínua para imunizações de rotina, especialmente para crianças, além de reforçar estoques para campanhas específicas conforme necessário.