Saúde

“Gerenciamento de Riscos Emocionais: De Lucro a Obrigatório no Mundo dos Negócios”

Trabalhar pode ser uma experiência desafiadora, mas também oferece recompensas significativas e, em alguns casos, até momentos de prazer e diversão. No entanto, não se pode negar que o trabalho é, em sua essência, uma atividade exigente. Ele requer esforço físico e mental, além de dedicação. Se fosse uma tarefa simples, as pessoas não necessitariam de um pagamento para realizá-la; todos se sentiram motivados a fazer isso de graça. Em resumo, a realidade é que as recompensas são diretamente proporcionais ao nível de esforço despendido.

Quando falamos em esforço, é inevitável que o desgaste e a fadiga façam parte do processo. Essa não é uma mensagem positiva, mas é um aspecto real do mundo do trabalho: a atividade laboral pode ser extenuante. É uma parte fundamental da trajetória profissional e, por isso, é necessário aceitá-la como um componente natural do dia a dia.

Antigos colaboradores muitas vezes criticam as novas gerações, descrevendo-as como acomodadas ou incapazes de suportar as exigências do mundo profissional. Embora haja um fundo de verdade nessa percepção, é importante destacar que essas críticas não são novas. Essas observações já eram feitas em relação às gerações anteriores. Ao refletir sobre isso, fica evidente que todos os jovens enfrentam críticas semelhantes em suas respectivas épocas. É um ciclo constante que se repete ao longo das décadas. Assim como os millennials ponderam sobre a geração Z, debates a respeito da “falta de garra” dos jovens são comuns e datados, sendo um traço presente em toda a história.

Porém, retornando ao tópico do trabalho, é essencial reconhecer que algum desgaste é natural no ambiente laboral. O principal desafio reside na distinção entre o desgaste que é espontâneo e o que indica excesso. Em situações onde o sofrimento ultrapassa os limites do aceitável, a sociedade tem a responsabilidade de intervir, promovendo ajustes que possam resguardar a saúde e o bem-estar dos trabalhadores.

É nesse contexto que se insere a mudança na Norma Regulamentadora NR-1, do Ministério do trabalho e Emprego (MTE). Essas normas têm como função regular os direitos e deveres tanto de empregadores quanto de trabalhadores, garantido um ambiente de trabalho seguro e saudável. O intuito é prevenir doenças ocupacionais e acidentes, assegurando que a execução das tarefas seja feita em condições adequadas.

A NR-1, que trata da gestão de riscos ocupacionais, já exigia que as empresas identificassem e mitigassem perigos potenciais nos ambientes de trabalho. Isso inclui não apenas a eliminação de riscos físicos e químicos, mas também a obrigação de fornecer equipamentos de proteção individual (EPI). No entanto, a partir de 2025, haverá um avanço significativo. O programa de gerenciamento de riscos deverá incorporar a avaliação de riscos psicossociais, além dos já existentes. Essa inovação será revista periodicamente, pelo menos a cada dois anos.

O foco é relevante, visto que muitos ambientes de trabalho apresentam riscos reais, seja pela exigência física que pode afetar a saúde da coluna, seja pela pressão psicológica que pode levar a distúrbios mentais. A dificuldade está em identificar adequadamente quais aspectos do ambiente de trabalho precisam ser ajustados e corrigidos.

Para isso, realizei uma pesquisa sobre os fatores de risco psicossociais, com base em estudos de diferentes organizações de saúde e segurança ocupacional. O resultado revelou uma lista extensa, com mais de quarenta elementos, abrangendo desde o equilíbrio entre a vida pessoal e profissional até situações desafiadoras com clientes. Para simplificar, identifiquei alguns pontos comuns nas pesquisas, que podem ser avaliados através de questionários simples e práticos:

1. Demandas de trabalho conflitantes
2. Falta de clareza sobre papéis e expectativas
3. Comunicação inadequada
4. Insegurança no emprego
5. Assédio (incluindo psicológico e sexual)
6. Ausência de apoio entre colegas ou da gestão
7. Carga excessiva de trabalho
8. Mudanças organizacionais mal geridas

Esses fatores são cruciais para entender as dinâmicas laborais. Garantir que as demandas estejam claras, fomentar uma comunicação eficaz e proporcionar um ambiente de apoio são práticas que não apenas são éticas e, agora, exigidas por lei, mas também podem impulsionar a produtividade das empresas. Em última análise, cuidar da saúde mental e física dos trabalhadores é um investimento que beneficia todos os envolvidos.

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