G20 Planeja Triplicar Capacidade de Energia Renovável sem Limitar Combustíveis Fósseis
Na Cúpula do G20, realizada no Rio de Janeiro, os líderes globais reafirmaram seu compromisso em impulsionar a capacidade de energia renovável em todo o mundo, com metas ambiciosas de triplicar essa capacidade até 2030 e, ao mesmo tempo, duplicar a eficiência energética. Essas iniciativas estão inextricavelmente ligadas ao desenvolvimento de políticas que promovam tecnologias com emissões zeradas de dióxido de carbono, reconhecendo que a transição para uma matriz energética sustentável é fundamental para enfrentar as questões climáticas. No entanto, a descarbonização continua sendo um desafio significativo para a comunidade internacional nos próximos anos, demandando a colaboração entre nações para a implementação de soluções eficazes.
As economias do G20, que são responsáveis por 85% do Produto Interno Bruto (PIB) global, também se destacam como grandes emissoras de gases do efeito estufa. Em seu comunicado, os países do G20 enfatizaram a relevância de um planejamento energético robusto e da cooperação em múltiplos níveis de governo como essenciais para atrair investimentos. No entanto, o documento não estabeleceu um cronograma definitivo para a transição afastando-se dos combustíveis fósseis, uma decisão que, segundo análises, protege os interesses de grandes produtores de petróleo, como Arábia Saudita e Rússia. Essa abordagem reflete um equilíbrio delicado entre a necessidade urgente de ação climática e as realidades econômicas dos países que dependem de suas reservas de combustíveis fósseis.
“No contexto atual, ressaltamos a importância de abordagens que sejam tecnologicamente neutras, integradas e inclusivas para o desenvolvimento e implementação de diversas fontes de energia com baixas emissões. Isso inclui combustíveis sustentáveis e inovações tecnológicas para redução e remoção de carbono, além de estratégias para mitigar emissões. Nosso objetivo é criar um mercado global robusto que possa acelerar as transições energéticas, especialmente em setores onde a redução de emissões é mais complexa”, afirma um trecho da declaração final. O documento também sublinha a importância de considerar as “circunstâncias nacionais” no desenvolvimento das políticas energéticas, reconhecendo que cada país enfrenta desafios únicos.
Além das discussões sobre energias renováveis, o G20 foi palco de um importante acordo entre brasil e Argentina para exportação de gás. O ministro de Minas e energia, Alexandre Silveira, destacou a assinação de um memorando que permitirá a importação de gás natural da reserva de Vaca Muerta, localizada no norte da Patagônia. O ministro defende veementemente que o brasil continue apostando na exploração de combustíveis fósseis como um meio de financiar sua transição energética, uma visão que encontra resistência entre algumas partes do Ministério do Meio Ambiente.
O acordo com a Argentina prevê a realização de estudos sobre a viabilidade econômica das rotas logísticas para a importação de gás. O objetivo é movimentar inicialmente dois milhões de metros cúbicos por dia, aumentando progressivamente para dez milhões em três anos, e alcançando a meta de 30 milhões até 2030. Essa estratégia visa não apenas assegurar o fornecimento de gás, mas também apoiar a reindustrialização do brasil.
“Esse acordo representa um avanço significativo para o programa Gás Para Empregar, que tem como meta incrementar a oferta de gás natural e impulsionar a reindustrialização do nosso país. Com a importação do gás de Vaca Muerta, reforçamos o setor de indústrias essenciais, como fertilizantes, vidro, cerâmica e petroquímicos, que são fundamentais para o desenvolvimento econômico do brasil. Com mais gás, teremos também um aumento de empregos, renda e prosperidade para todos os brasileiros,” declarou Silveira em sua fala durante o evento.
Assim, a Cúpula do G20 não apenas reforçou as metas e compromissos globais em prol da sustentabilidade energética, mas também evidenciou o papel do gás natural como uma ponte temporária para a transição energética, enquanto os países trabalham em suas estratégias para um futuro mais limpo e eficiente.