G-20 e COP 29: Avanços e Desafios para o Futuro da Humanidade
Na última semana, o brasil vivenciou intensa atividade diplomática no Rio de Janeiro, onde ocorreu a reunião do G-20. Este encontro, que reuniu as nações mais ricas do planeta e diversos países convidados, teve como objetivo discutir soluções para os desafios que o mundo enfrenta. Simultaneamente, em Baku, no Azerbaijão, outros líderes estavam reunidos na COP-29, uma conferência vital focada nas questões climáticas. Centenas de representantes de diferentes nações se congregaram nessas cidades, buscando alternativas para enfrentar as múltiplas crises globais atuais.
As tensões geradas pelos conflitos na Ucrânia, Gaza e Líbano, somadas ao alarmante fato de que quase um bilhão de pessoas adormecem com fome todos os dias, ilustram a gravidade das preocupações mundiais. Para agravar ainda mais a situação, lidamos com as consequências das agressões ao meio ambiente – perda de biodiversidade, eventos climáticos extremos e o surgimento de novas doenças zoonóticas, como foi o caso da COVID-19. Esses problemas têm suas raízes profundas nas mudanças abruptas de temperatura e na deterioração dos habitats.
Durante a COP-29, discutiu-se o futuro do planeta, deixando compromissos cruciais a serem abordados em uma próxima reunião, marcada para o ano seguinte em Belém, no brasil. O evento em Baku resultou em uma agenda repleta de lacunas, especialmente em relação às ações necessárias para conter as emissões de gases de efeito estufa. As estimativas apontam para a necessidade de um investimento anual de aproximadamente U$ 1,35 trilhão. No entanto, o resultado da conferência inicializou um compromisso modesto de U$ 300 bilhões, destinados a apoiar países em desenvolvimento que, curiosamente, não são os responsáveis pela crise climática, mas que sofrem suas consequências.
O desafio reside não apenas em salvar o planeta, mas também em abordar a desigualdade que perdura entre nações. O prazo para implementar soluções nesta nova fase se estende até 2035. É imperativo que essas questões sejam reconhecidas como problemas globais, não como meras questões políticas de direita ou esquerda. Elas emergem de um padrão insustentável de vida no planeta, que remete a como consumimos e exploramos os recursos naturais.
Os sinais de colapso ambiental são claros e inegáveis. Somente aqueles que insistem em ignorar a ciência e a realidade social podem continuar a desviar o olhar. A geração de riqueza adicional não é mais uma solução viável; pelo contrário, a saída para a crise deve focar na redistribuição da riqueza existente, visando um apoio essencial aos chamados países do Sul global.
Por outro lado, existem líderes que adotam uma postura de desinteresse em relação às consequências globais, priorizando a sobrevivência em suas respectivas regiões. Este fenômeno é visível em diversos governantes contemporâneos, que se esquecem da interdependência do nosso mundo. As discussões em Baku traçaram um plano visando 2035, mas permanece a dúvida se as COPs futuras conseguirão encontrar uma saída eficaz para a crise ambiental, especialmente com o volume de U$ 1,35 trilhão a ser disponibilizado para um controle mais rigoroso das emissões de gases.
No Rio de Janeiro, a会议 do G-20 abordou uma perspectiva mais imediata, buscando minimizar as desigualdades entre as nações mais ricas, incluindo a Índia, a África do Sul e o brasil. Essas economias tiveram a oportunidade de dialogar sobre como aliviar o sofrimento das populações mais vulneráveis, focando na fome e na promoção de novas políticas de cooperação internacional. No entanto, a estrutura da ONU e suas instâncias decisórias, como o Conselho de Segurança, frequentemente falham em oferecer soluções eficazes, perpetuando conflitos e ignorando a necessidade de governança global.
O desafio é evidente quando se analisa a resposta à pandemia de COVID-19. Embora a vacinação em larga escala tenha sido uma das chaves para controlar a disseminação do vírus, os limites impostos às nações em desenvolvimento, que não receberam vacinação suficiente, evidenciam as desigualdades globais. O aumento dos casos de mpox, por exemplo, reflete essa falha na distribuição de cuidados de saúde, evidenciando um padrão de descaso com o sofrimento nas regiões mais afetadas, onde a doença continua a proliferar.
Portanto, é fundamental estabelecer uma governança mundial que possibilite uma resposta coordenada às crises emergentes. A Organização Mundial da Saúde deveria estar na vanguarda dessas decisões, coordenando a distribuição equitativa de vacinas e tratamentos, assim como prevenindo a propagação de epidemias e cuidando do bem-estar da população global. O diálogo e a cooperação entre os países são essenciais para resolver essas questões críticas relacionadas a saúde, segurança alimentar e impacto ambiental.
É necessário um debate aberto sobre como movimentar-se em direção a soluções eficazes e coletivas, evitando abordagens superficiais que não toquem nas questões estruturais que perpetuam o problema. O conceito de “Uma Saúde” precisa ser incorporado em um contexto mais abrangente, reconhecendo que fatores econômicos e sociais são determinantes na saúde humana e ambiental.
Embora as reuniões do G-20 e da COP-29 tenham sido um passo no sentido certo, ainda há um longo caminho a percorrer. A rica diplomacia brasileira se destacou ao promover um ambiente propício para discutir os desafios globais, porém, a urgência exige que avancemos além de ações paliativas. O próximo país a sediar o G-20 será a África do Sul, enquanto a COP-30 acontecerá em Belém, no Pará. O futuro dependerá de nossa habilidade em construir um mundo mais justo, onde a igualdade e a justiça ambiental sejam prioridades inegociáveis.