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Fotógrafa Revela a “Magia Incrível” das Paisagens Australianas; Confira!

Quando a fotógrafa Lisa Michele Burns decidiu documentar as belezas da Austrália em 2022, ela não tinha uma noção plena da vastidão impressionante do país. Em sua segunda jornada de quatro meses, enquanto dirigia por uma estrada que parecia não ter fim, cercada por campos de terra vermelha e espinhosos capins spinifex, ela teve um momento de epifania: “Aquele caminho é tão reto. Eu parei e pensei: ‘O que estamos fazendo? Este lugar é realmente imenso.’” Mesmo tendo crescido na Austrália, onde viveu desde a costa sul, com suas florestas nativas à beira-mar, até as Ilhas Whitsunday, no coração de Queensland, Burns passou muitos anos fora do país, registrando paisagens deslumbrantes como picos nevosos, florestas tranquilas de bambu e costas mediterrâneas.

“Talvez eu soubesse mais sobre a Groenlândia do que sobre o centro da Austrália”, admite. No entanto, a pandemia de coronavírus trouxe uma mudança inesperada, forçando-a a permanecer em casa e, assim, transformando essa limitação em uma oportunidade valiosa para redescobrir sua terra natal. Ao longo de suas viagens, Burns concentrou-se na “paleta vibrante de cores” que molda as paisagens australianas, explorando desde as intensas tonalidades azuis do oceano até as praias de areia branquíssima, e das florestas verdejantes até os desertos avermelhados.

Durante suas andanças por territórios desconhecidos, Burns desenvolveu uma nova relação com sua pátria e ficou ansiosa para compartilhar suas descobertas através do livro de fotos “Sightlines”, lançado em dezembro passado. Com essa obra, ela busca não apenas capturar a “magia indescritível” que cerca as paisagens australianas, mas também incitar diálogos sobre a importância de preservar esses ecossistemas. “É fundamental valorizar a diversidade das paisagens australianas e documentá-las como elas são hoje, pois estão passando por transformações reais”, ressalta Burns.

Sua jornada, devido às restrições da pandemia e às variações climáticas, foi organizada em duas etapas: uma primeira, ao longo da costa leste, percorrendo Queensland, Nova Gales do Sul e Victoria; a segunda, abrangendo o sul e o oeste australiano, além do Território do Norte. Ao todo, ela passou cerca de oito meses na estrada durante o ano de 2022. Apesar de ter esboçado um itinerário no Google Maps e pesquisado alguns locais previamente, frequentemente se via surpreendida por variadas “paletas e padrões” que chamavam sua atenção ao longo do trajeto. “Muitos dos lugares que acabei amando não eram, de fato, aqueles que eu havia planejado visitar”, confessa.

Em um dos dias, após concluir rapidamente um trabalho no sul, Burns se aventurou por uma pequena estrada que a levou à deslumbrante praia de Sheringa — um dos momentos culminantes de sua jornada. “Estávamos sozinhos, rodeados por dunas que se estendiam até o mar turquesa”, recorda com entusiasmo. Durante sua estadia na Austrália Ocidental, ela explorou Gantheaume Point, um famoso ponto turístico conhecido por suas pegadas fossilizadas de dinossauros, que a impressionaram com padrões e cores vibrantes formadas ao longo de milhares de anos. “Fiquei imersa naquela beleza por dias”, relata.

As fotografias coletadas para “Sightlines” destacam os “detalhes sutis dentro de uma paisagem”, como Burns explica, assegurando uma conexão mais profunda com o ambiente. Ela observa que, embora o deserto possa parecer seco e inóspito, ao olhar com atenção, revela uma vasta gama de vegetais e criaturas que florescem em condições adversas.

Embora Burns tenha uma perspectiva otimista e aprecie a beleza suave das paisagens australianas, não pôde deixar de percebem as consequências das mudanças climáticas. Nos últimos anos, a Austrália enfrentou uma série de fenômenos climáticos extremos, como secas severas, tempestades e incêndios florestais devastadores. Os efeitos são particularmente visíveis nos recifes e litorais, onde o aquecimento global está levando a um catastrófico branqueamento de corais, atingindo níveis alarmantes na Grande Barreira de Corais. O ano passado registrou-se como um dos mais quentes do planeta, colocando em evidência o aumento de 1,51°C na temperatura média da Austrália desde 1910.

Enquanto dirigia pelo sul, Burns testemunhou diretamente os impactos dos incêndios florestais que devastaram mais de 10 milhões de hectares em 2019-2020, resultando na morte de mais de um bilhão de animais. “Foi chocante ver a devastação. Minha família é dessa região, e eu estava ciente da grandiosidade dos incêndios e do impacto que causaram”, reflete. Contudo, em meio à paisagem que ainda carregava as cicatrizes do fogo, ela também vislumbrou o renascimento da floresta.

“É crucial formarmos uma visão coletiva do presente das nossas paisagens. A fotografia pode ser uma poderosa ferramenta de conscientização sobre as mudanças climáticas. Mesmo belas imagens têm seu papel, além de documentos frios. Cultivar um bom equilíbrio entre esses tipos de representações na mídia é extremamente vital”, conclui Burns.

Entretanto, mesmo para uma experiente fotógrafa de paisagens, algumas experiências são indelevelmente limítrofes. Quando finalmente chegou ao Red Center, uma região cuja reputação sempre ouvira, mas nunca havia visto, Burns sentiu uma admiração inigualável ao contemplar Uluṟu, um dos maiores monólitos de arenito e um símbolo inconfundível da Austrália. A impressionante visão da rocha vermelha contra o céu azul foi avassaladora. “Eu não percebi o quão significativo isso seria”, relata. Próximo ao Vale dos Ventos, onde a fotografia é proibida em respeito ao povo Aṉangu, ela vivenciou um dos momentos mais marcantes da viagem: “Deitamos em uma plataforma e ouvimos o vento passando entre as rochas e o canto dos pássaros. Foi absolutamente mágico, porque a conexão com a paisagem requer um olhar atento e uma pausa para criatividade. Às vezes, simplesmente precisamos deixar a câmera de lado.”

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