COP30: Reação de Organizações à Nomeação de André do Lago como Presidente

A liderança que tem a capacidade de transformar uma ambição global em resultados concretos e mensuráveis é fundamental em um momento crítico para a luta contra a crise climática. Essa é a expectativa de diversas organizações ambientais em relação à nomeação do embaixador André Aranha Corrêa do Lago como presidente da 30ª conferência de Mudanças Climáticas da ONU (cop30), que será realizada no Brasil. O evento, que se posiciona como o maior encontro climático do planeta, ocorrerá em Belém do Pará, no coração da amazônia, entre os dias 10 e 21 de novembro. A escolha de André do Lago foi amplamente aguardada e vem em um momento crucial para discutir estratégias e ações efetivas no combate às mudanças climáticas.
A oficialização da nomeação pelo presidente Lula gerou reações imediatas por parte de entidades do setor privado e da sociedade civil, destacando a urgência de fortalecer o multilaterismo global em face dos desafios climáticos atuais. Natalie Unterstell, presidente do Instituto Talanoa, afirmou que André do Lago combina uma vasta experiência diplomática com uma visão inovadora necessária para transformar o acordo de paris em uma realidade prática. “A cop30 não pode ser vista apenas como mais uma conferência — ela deve ser um divisor de águas”, destacou Unterstell.
A aprovação do anúncio também foi expressa pelo Observatório do Clima, que mencionou a necessidade de André do Lago agir rapidamente, dada a realidade alarmante do aquecimento global, que já superou a marca de 1,5ºC. A organização alertou sobre o cenário geopolítico crescente que se opõe à ação climática e à cooperação internacional. Além disso, foram citadas as medidas antiambientais tomadas durante a administração de Donald Trump nos Estados Unidos, e os resultados insatisfatórios da cop29 em Baku, onde os acordos climáticos ficaram aquém do esperado.
O papel de André do Lago como presidente da cop30, juntamente com a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, será navegar por um ambiente geopolítico conturbado e superar os obstáculos que podem surgir em nível doméstico. A própria demora em confirmar seu nome como presidente levanta questões sobre o consenso dentro do governo brasileiro em relação à importância desse evento internacional.
Nos bastidores, a espera pela definição do novo presidente da cop30 gerou críticas ao governo, especialmente em face de algumas discordâncias internas. Entretanto, tanto o Observatório do Clima quanto instituições como o Greenpeace Brasil, a Coalizão Brasil Clima, Florestas e Agricultura, o Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável, e a Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib) celebraram a escolha de André. Essas organizações reconheceram sua vasta experiência como diplomata e sua participação em negociações climáticas multilaterais como aspectos cruciais para o avanço na agenda de desenvolvimento sustentável.
Carolina Pasquali, diretora executiva do Greenpeace Brasil, salientou a grande responsabilidade de André à frente da cop30, mencionando a polarização global em curso e a saída dos Estados Unidos do acordo de paris. Isso, segundo ela, exige habilidades diplomáticas extraordinárias para que sejam alcançados avanços significativos nas discussões climáticas.
A Coalizão Brasil Clima, Florestas e Agricultura, por sua vez, considerou a escolha de André uma decisão excepcional, ressaltando seu histórico de diálogo aberto com a sociedade civil e o setor privado. A liderança dele é vista como adequada para enfrentar os desafios que a realização da conferência representa, especialmente em um momento em que o multilateralismo está em jogo.
O Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável (CEBDS) apoiou a nomeação e acredita que André terá um papel crucial em colocar o Brasil no centro da agenda climática global. Marina Grossi, presidente do CEBDS, destacou que a trajetória do novo presidente da cop30 tem sido fundamental para o engajamento entre empresas e a participação ativa do setor no debate sobre clima e desenvolvimento.
Além disso, a Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib) expressou confiança em que André consiga promover discussões pragmáticas em busca de metas climáticas robustas, especialmente diante da emergência de reduzir emissões em um cenário global desafiador.
Desde sua nomeação ao cargo no Ministério das Relações Exteriores em 2023, André já mostrava-se um dos principais candidatos para liderar a cop30, colaborando de perto com Marina Silva e a secretária de Mudança do Clima. Sua decisão de faltar ao Fórum Econômico Mundial em Davos para participar da reunião do Planalto reforça a seriedade e o compromisso necessário para a tarefa que o aguarda.
Embora não haja regras rígidas da ONU, é tradição que o país-sede da COP designe sua equipe organizadora, composta por um presidente, um CEO e dois representantes de alto nível. O Brasil, no entanto, enfrentou atrasos significativos após a cop29 em Baku, o que elevou as expectativas em relação à sua condução da próxima conferência do clima. A nomeação de André Aranha Corrêa do Lago como presidente é vista como uma passo fundamental para redirecionar o foco e as discussões em um momento tão crucial para o futuro do nosso planeta.