Como começar a correr mesmo se você odeia o exercício: dicas práticas para iniciantes

“Sentir-se entediado e frustrado é comum entre os iniciantes na corrida, como exemplificou minha colega Madeline Holcombe, jornalista da CNN, ao compartilhar suas experiências com essa atividade. Madeline, que é especialista em bem-estar, sabe bem os imensos benefícios da corrida para a saúde física e mental. Ela destaca a simplicidade dessa prática: não é necessário muito equipamento – um par de tênis confortáveis e, talvez, fones de ouvido ou um relógio para monitorar a distância já são suficientes. Embora suas habilidades como ex-dançarina competitiva possam sugerir que a corrida seria uma transição fácil, a realidade é que muitos enfrentam desafios semelhantes aos dela ao iniciar essa jornada.

Quando comecei a correr há duas décadas, experimentei uma sensação semelhante à que Madeline descreve; isso me fez lembrar do meu próprio processo. Minha jornada começou com um momento constrangedor ao lado de uma nova namorada, e evoluiu para o orgulho de cruzar a linha de chegada em várias maratonas. A corrida é mais do que uma simples atividade física; é uma experiência que pode ser tanto desafiadora quanto gratificante, marcada por um progresso que, embora lento, se revela divertido.

Uma das grandes escolhas que os corredores enfrentam é decidir entre correr sozinhos ou acompanhar outras pessoas. Enquanto algumas pessoas são atraídas pela tranquilidade de correr em solidão, muitas encontram alegria na companhia de amigos ou em grupos. A interação social que uma corrida em grupo proporciona pode criar um senso de comunidade e também de responsabilidade mútua, uma motivação extra que muitas vezes ajuda a manter o comprometimento. Vale a pena explorar ambos os estilos para descobrir qual se encaixa melhor nas suas preferências e estilo de vida.

Correr sob a companhia de um amigo pode transformar cada corrida em uma oportunidade de se reconectar e, ao mesmo tempo, permitir que vocês compartilhem risadas e histórias. Existem muitos grupos de corrida disponíveis em lojas de artigos esportivos, academias e até online, prontos para acolher novos membros em sua prática. Além desse aspecto social, as corridas oferecem a energia coletiva necessária, além de funcionarem como um bom incentivo durante o treinamento. Por outro lado, optar por correr sozinho pode ser libertador; você pode escolher o ritmo que mais lhe convém e desfrutar de uma playlist pessoal que inclui suas músicas, podcasts ou audiolivros favoritos.

Refletindo sobre minha própria experiência, lembro-me de que enquanto morava em Bangkok, comecei a corrida em uma esteira. A música que criava na época se tornou meu escape, além de ser uma maneira de manter meu ânimo. Com o tempo, minha abordagem evoluiu. Quando me mudei para o Brooklyn, descobri aplicativos musicais com playlists adaptadas para corridas, permitindo que eu integrasse músicas reconhecíveis e podcasts que estimulassem minha mente. À medida que as distâncias se estendiam, minha biblioteca de áudio começou a incluir até trilhas sonoras de filmes que conheço tão bem que as visualizava mentalmente enquanto corria.

Muitos puristas da corrida podem argumentar que correr sem qualquer distração é a melhor forma de se conectar consigo mesmo e com o ambiente. E isso certamente funciona para alguns. Contudo, se a ideia de correr ouvindo seu podcast favorito ou uma trilha sonora de um filme traz mais prazer, siga adiante com isso! A chave é encontrar prazer na atividade, e a audição pode muito bem ser a fuga que oferece motivação extra.

Correr ao ar livre é outra maneira de enriquecer a experiência. A natureza apresenta um cenário que promove um maior bem-estar tanto físico quanto emocional. Correr em trilhas pode trazer um encantamento que revigora o corpo e a mente. Lembro-me da minha primeira corrida por um parque em Madison, Wisconsin, um momento que embarcou em um misto de vergonha e encanto, um compromisso com a corrida que se estenderia por décadas. Depois, durante viagens, cada corrida era uma forma de descoberta, permitindo que eu explorasse cidades e culturas sob uma nova perspectiva e uma nova energia.

Minha rotina habitual ao viajar costuma incluir uma corrida antes de começar o dia, permitindo-me admirar a paisagem em tranquilidade. Essas situações não apenas se tornam memórias inesquecíveis como se entrelaçam ao próprio processo de correr. Em uma visita a Amsterdã, por exemplo, uma corrida ao amanhecer ao longo dos canais me proporcionou um momento mágico que vai além do exercício: encapsulou a essência da jornada.

Por fim, considerando a ansiedade de muitos corredores novatos, é essencial lembrar que a velocidade não é o objetivo principal. A exaustão e a falta de fôlego diminuem naturalmente com o tempo. Melhorar o desempenho vem com a prática e a adaptação gradual. Conselhos como intercalar a corrida com caminhadas podem ser valiosos. Enquanto isso, a busca por conquistar pequenas distâncias – mesmo que seja apenas um trecho – é um passo significativo. Se, ao correr com outros, a sensação de estar aquém do ritmo dos demais incomoda, não hesite em procurar companheiros que se ajustem ao seu estilo. E, acima de tudo, a velocidade deve ser encarada como uma escolha; o principal é encontrar prazer em correr. E se você estiver se sentindo inspirado, que tal começar agora mesmo? A corrida é uma jornada pessoal e cada um tem seu próprio caminho. Comece, siga o ritmo do seu corpo e, acima de tudo, divirta-se.”