Saúde

Brasil discute novas fronteiras energéticas em Davos: Colaboração entre governo e setor privado

O Ministro de Minas e energia, Alexandre Silveira, recentemente se juntou à delegação brasileira no Fórum Econômico Mundial, participando na manhã desta quarta-feira (22) do painel inaugural da Brazil House em Davos. O tema central do debate foi os benefícios socioeconômicos dos biocombustíveis, com Silveira ao lado de Felipe Bottini, Managing Director ESG da Accenture, e Erasmo Battistela, CEO da Be8. Durante suas intervenções, o ministro enfatizou o firme compromisso do Brasil com a transição energética, destacando que o país tem investido nessa política há muitos anos, especialmente com um enfoque mais rigoroso nos últimos dois anos. Com uma matriz energética composta por 90% de fontes renováveis, Silveira afirmou que o Brasil está determinado a avançar ainda mais em sua exploração de recursos naturais sustentáveis.

O Ministro também comentou sobre as recentes conquistas regulatórias, como a regulamentação do hidrogênio verde, uma inovação significativa para o setor energético. Quanto ao biodiesel, Alexandre Silveira sublinhou a meta ambiciosa de aumentar a mistura de biodiesel para 15%, ressaltando a viabilidade econômica e o potencial de crescimento desse segmento. Erasmo Battistela, por sua vez, reforçou essa visão, compartilhando dados impressionantes sobre o desempenho do biocombustível, mencionando que o biodiesel é até quatro vezes mais eficiente em comparação com a produção de diesel fóssil. Ele ressaltou que a transição energética não apenas contribui para o crescimento econômico, gerando PIB e empregos, mas também reduz as emissões em uma proporção mínima de seis vezes, enfatizando a importância do setor na criação de oportunidades de trabalho como uma das formas mais efetivas de promoção social.

Na sequência do evento, outro painel abordou a inovação verde e o potencial do Brasil para abrigar data centers e projetos de inteligência artificial. Thiago Marral, Secretário de Planejamento e Desenvolvimento Energético do Ministério de Minas e energia, divulgou que houve um aumento significativo nas solicitações de conexão à rede nos últimos dois anos, com cerca de 14 gigawatts solicitados especificamente para data centers, o que evidencia o enorme potencial do país nesse segmento em expansão.

Miguel Andrade, CEO da EDP, elogiou o ambiente regulatório do Brasil, considerando-o um dos mais sofisticados e previsíveis no setor elétrico global. A EDP, uma companhia multinacional que opera em diferentes regiões do mundo, já fez investimentos robustos na infraestrutura de transmissão no Brasil, demonstrando seu compromisso a longo prazo com a operação no país. Andrade compartilhou que a empresa já possui 2.000 quilômetros de linhas de transmissão em operação e está construindo outros 1.300 quilômetros, com planos de expansão contínua por meio da participação nos leilões do setor elétrico.

Vittorio Perona, partner do BTG Pactual, levantou ainda a necessidade de aumentar a visibilidade internacional do Brasil como um destino atrativo para investimentos, especialmente no setor tecnológico, que depende diretamente de energia limpa para data centers e processos de inteligência artificial. Ele ressaltou que uma comunicação mais eficaz sobre o sistema energético brasileiro é fundamental, já que algumas controvérsias em torno da sustentabilidade podem distorcer a imagem do país.

O governo brasileiro está respondendo a esse cenário por meio de investimentos substanciais em infraestrutura de transmissão e por oferecer incentivos para o setor. Thiago Marral revelou que um novo decreto presidencial, estabelecido em 2023, introduziu um modelo atualizado para a extensão de contratos, com o intuito de aumentar a confiabilidade e a resiliência do sistema energético. Além disso, o Brasil conta com oito cabos submarinos de alta capacidade que o conectam aos Estados Unidos, uma infraestrutura vital que favorece operações de data centers.

Para fortalecer a competitividade do Brasil no setor, Miguel Andrade destacou a importância da estrutura de leilões de transmissão, que serve como um modelo eficaz para atrair investimentos privados. Ele expressou seu desejo de que países europeus adotem práticas semelhantes, elogiando a previsibilidade e a transparência que caracterizam o sistema brasileiro.

A programação na Brazil House continuará nessa quinta-feira (23), que é o penúltimo dia do Fórum Econômico Mundial em Davos. O evento é uma plataforma essencial para discutir e promover as iniciativas brasileiras em energia renovável e desenvolvimento sustentável, refletindo o compromisso do país em avançar nas questões energéticas e climáticas.

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