Saúde

Atropelamentos no DF: 4.112 casos registrados em 2024

Em 2024, o Distrito Federal (DF) registrou alarmantes 4.112 casos de atropelamentos, evidenciando um incremento de 18,26% em relação a 2023, que contabilizou 3.477 acidentes desse tipo. Apenas nos primeiros dias deste ano, seis vítimas foram atropeladas, lamentavelmente resultando na morte de três delas, conforme os dados divulgados pelo Corpo de Bombeiros Militar do Distrito Federal (CBMDF). Essa situação revela a urgência de ações que visem aumentar a segurança nas vias urbanas, não apenas para motoristas, mas especialmente para pedestres e ciclistas que são os mais vulneráveis nesse contexto.

Sobre os atropelamentos fatais que envolveram pedestres, o Departamento de trânsito do DF (Detran-DF) reportou uma leve queda de 7,59% nos óbitos, com 73 pessoas perdendo a vida nessa condição no período de janeiro a novembro de 2024, em comparação a 79 mortes registradas no mesmo intervalo de 2023. Dos casos documentados, notou-se que em 2024 houve apenas uma morte na faixa de pedestre, contrastando com três ocorrências do ano anterior. Isso demonstra uma leve melhora, embora a situação continue sendo preocupante.

Marcelo Granja, gerente da Escola Pública de trânsito, enfatiza que motoristas e pedestres devem permanecer em constante vigilância enquanto circulam. Ele ressalta que o condutor desempenha um papel crucial e que a responsabilidade recai sobre ele, dado que está atrás do volante de um veículo que pode causar sérios danos. “Os motoristas devem manter um olhar atento aos demais usuários, especialmente pedestres e ciclistas, garantindo sempre a distância e velocidade adequadas ao se aproximar das faixas de travessia”, alertou Granja.

Os pedestres, embora tenham responsabilidades dentro do trânsito, são considerados os atores mais vulneráveis. Granja ressalta a importância de procurar sempre pelas faixas de pedestres ao realizar uma travessia. Quando estas não possuem semáforos, o pedestre deve sinalizar com a mão erguida para advertir os motoristas sobre sua intenção de atravessar. Além disso, ele orienta que ciclistas devem descer de suas bicicletas ao cruzar pela faixa, assegurando maior segurança para todos os envolvidos.

A questão da atenção é fundamental, especialmente em períodos de aumento no fluxo de pedestres, como nas férias. Granja observa que o uso do celular se tornou um grave fator de distração, afetando tanto motoristas quanto pedestres. A distração causada por dispositivos móveis tem contribuído para o aumento dos acidentes, tornando ainda mais necessária a cautela em cruzamentos e áreas de travessia.

Para Michelle Andrade, especialista em trânsito, o governo deve implementar uma abordagem multifacetada para enfrentar o problema dos atropelamentos. “É imprescindível que haja um investimento robusto em infraestrutura associado à educação e comunicação sobre segurança no trânsito. Somente um esforço conjunto pode promover um trânsito mais seguro”, destacou. Ela enfatiza que ações isoladas não produzirão os resultados desejados e que a sociedade deve participar ativamente na cobrança das melhorias que visam à segurança nas vias.

Michelle reconhece que a atual prioridade do trânsito frequentemente favorece a velocidade dos veículos, resultando em mais atropelamentos. Ela acredita que a sociedade precisa reavaliar a importância que atribui à velocidade em comparação a uma mobilidade urbana equilibrada. “A imposição da velocidade e a preferência por veículos motorizados ainda permeiam a cultura do trânsito, o que é preocupante”, lamentou a especialista.

Além disso, a responsabilidade também recai sobre cada cidadão, seja motorista ou pedestre. Michelle argumenta que se todos perceberem que o cuidado com a vida pessoal e alheia é uma responsabilidade compartilhada, poderemos ver uma redução significativa nos incidentes de trânsito. “Esse comportamento mais responsável e respeitoso entre os usuários pode levar a um ambiente de trânsito muito mais seguro”, completou.

Uma pesquisa do JBr nas ruas do DF revelou posturas irresponsáveis tanto entre os motoristas quanto entre os pedestres. Condutores frequentemente ignoram as faixas de pedestre, enquanto muitos pedestres atravessam em locais inadequados, colocando suas vidas em risco. Uma atendente, Ketlin Mayane, de 26 anos, comentou que muitas vezes precisa aguardar a boa vontade dos motoristas para que, finalmente, parem na faixa. “Às vezes, eles param em cima da faixa. Se há uma faixa, o correto é parar antes, mas isso não acontece”, observou.

Ketlin também apontou a necessidade de mais faixas de pedestres, já que muitas vezes é preciso caminhar longas distâncias para atravessar com segurança. Desde a perspectiva dos motoristas, o assistente administrativo Célio Tavares, de 46 anos, destacou que a falta de consciência entre os condutores é um dos principais problemas do trânsito. “Se cada um fizer sua parte, e mais campanhas de conscientização fossem realizadas, teríamos uma melhora significativa no trânsito“, disse ele, concordando que responsabilidade deve ser compartilhada.

Fabrício Moreira, motorista de aplicativo há cinco anos, definiu o trânsito em brasília como caótico. Ele apontou a imprudência como um problema comum entre condutores, ressaltando que a falta de sinalização ou a desatenção ao atravessar as faixas podem levar a situações extremamente perigosas. “Os desafios vão além, especialmente em áreas onde a falta de respeito às faixas é uma constante”, concluiu, sublinhando a necessidade de um comportamento mais consciente no trânsito para garantir a segurança de todos.

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