“Afroluxo: Iniciativa para Combater o Racismo no Setor de Luxo”

O racismo no atendimento do mercado de luxo é evidenciado por olhares de canto, vigilância, desinteresse e a ausência de familiaridade com produtos voltados para peles negras. Essas microagressões, identificadas na pesquisa “racismo no Varejo de Beleza de Luxo”, revelam um sistema complexo que limita a experiência de consumidores negros e, em muitos casos, obstrui sua presença nesses ambientes de elegância e exclusividade. A pesquisa foi conduzida pelo Estúdio Nina, uma respeitável empresa de pesquisa de mercado especializada no público afrodescendente, que entrevistou 350 consumidores de diversas regiões do Brasil. Os resultados foram impactantes: 40% dos consumidores que adquirem exclusivamente fragrâncias importadas no país são negros; alarmantes 91% dos entrevistados da classe A/B já vivenciaram situações de racismo em estabelecimentos de luxo; e 71% relataram ter se sentido desconfortáveis nesses espaços elitizados.
Diante desses dados alarmantes, a L’Oréal Luxo – parte do Grupo L’Oréal no Brasil – lançou o programa Afroluxo, uma iniciativa robusta de combate ao racismo, organizada em três pilares principais: transformação do negócio, empoderamento do ecossistema e promoção de um impacto positivo na sociedade. Este programa reflete um compromisso genuíno em abordar e modificar a realidade do atendimento ao consumidor em lojas de beleza de luxo, reconhecendo que o serviço é uma peça central na experiência do cliente.
A pesquisa realizada pelo Estúdio Nina foi encomendada pela L’Oréal Luxo com a intenção de fundamentar este projeto, inserido nas iniciativas de responsabilidade social que compõem a agenda ESG (ambiental, Social e de Governança) da empresa. O programa surge através de colaborações estratégicas com organizações comprometidas com a causa racial, como o MOVER (Movimento pela Equidade Racial), do qual o Grupo L’Oréal no Brasil é cofundador e signatário, e o ID_BR (Instituto Identidades do Brasil), que é uma referência no avanço da igualdade racial. Além destes, a parceria com a Black Influence, uma agência voltada para a comunicação antirracista, e a própria Estúdio Nina, fortalece a abordagem integrada e multidisciplinar na gestão da proposta.
Entre as ações inovadoras e direcionadas pelo programa de enfrentamento ao racismo do mercado de luxo, destaca-se a divulgação de uma pesquisa proprietária que nomeia as práticas racistas não explicitadas, rompendo o silêncio que frequentemente perpetua o problema. Outro ponto crucial é a criação de um protocolo de atendimento de luxo antirracista, desenvolvido em colaboração com MOVER e ID_BR, que será implementado como parte essencial da formação de vendas e disponibilizado gratuitamente para clientes e profissionais do setor. Essa iniciativa visa erradicar práticas de venda que, embora possam parecer inócuas, muitas vezes geram desconforto para os consumidores negros.
Além dessas medidas, a L’Oréal Luxo também instituiu auditorias anuais focadas na questão racial através da iniciativa Black Mystery Shopper, que monitora e avalia o atendimento em lojas de beleza de luxo. Outro avanço significativo é a ampliação do portfólio de produtos da marca Lancôme, que se tornará, a partir do segundo trimestre de 2025, a marca com a maior variedade de produtos voltados para peles negras disponíveis no mercado brasileiro.
O lançamento do Pacto Afroluxo de Enfrentamento ao racismo nas Lojas de Beleza de Luxo marca a formação da primeira coalizão no segmento, unindo esforços entre varejistas e a indústria em uma frente comum de combate ao racismo. Essa poderosa iniciativa é um passo crucial na construção de um mercado de luxo mais inclusivo, que reconhece e valoriza a diversidade e a riqueza cultural do Brasil.
De acordo com Bianca Ferreira, Head de Comunicação, Advocacy & Influência, Sustentabilidade, Diversidade & Inclusão e Eventos na L’Oréal Luxo, “o programa é uma resposta à necessidade de transformar um mercado predominantemente branco, onde a presença do consumidor negro raramente é reconhecida. O Afroluxo quer afirmar que o futuro do luxo é diverso e refletirá o Brasil, um país com uma população majoritariamente de origem africana.” A implementação do Afroluxo pode ser um divisor de águas no mercado de beleza, criando novas oportunidades e respeitando a dignidade de todos os consumidores.