Advogado Desistindo de Processar Ótica Após Cadastro Irônico como “Cliente Trouxa”
**Santos, SP —** Um incidente inusitado ocorreu em uma ótica localizada em Santos, no litoral paulista, onde um advogado, identificado como “cliente trouxa” em um recibo, decidiu não prosseguir com um processo judicial contra o estabelecimento. Erasmo Fonseca, de 47 anos e especialista em direito do consumidor, se deparou com a situação embaraçosa enquanto efetuava a troca dos óculos de seu filho, um jovem de 14 anos, na Belliótica.
No dia 2 de outubro, durante a troca, a gerente da loja ofereceu uma limpeza nas lentes e na armação dos óculos. Ao receber o recibo, Erasmo notou a descrição imprópria que estava registrada no cadastro da loja. “Quando li a expressão ‘cliente trouxa’ no recibo, não pude acreditar. Fiquei pensando que era brincadeira”, relatou o advogado.
Ao se deparar com o erro, a funcionária tentou justificar a situação, afirmando que se tratava de um erro de digitação, ao invés de uma ofensa intencional, e que o correto seria o termo “troca”. Apesar disso, o advogado notou que a parte que indicava o serviço estava em outra seção do documento. A funcionária, ao perceber o que aconteceu, ainda tentou retirar o recibo da mão de Erasmo, que teve a presença de espírito de registrar uma imagem do documento para comprovar o incidente.
Erasmo não chegou a registrar um boletim de ocorrência, mas entrou em contato com o Serviço de Atendimento ao Consumidor (SAC) da ótica através de um e-mail. Inicialmente, ele cogitou a possibilidade de uma ação judicial, mas acabou mudando de ideia. “Após a funcionária ter se retratado publicamente e reconhecido seu erro, decidi não prosseguir com o processo”, revelou ao Metrópoles.
**A Resposta da Belliótica**
Diante do tumulto causado pela situação, a Belliótica se manifestou por meio de uma nota oficial, na qual negou que o cliente tenha sido chamado de “trouxa”. O comunicado afirmava que houve um erro de digitação e que a palavra correta deveria ser “trouxe”. “A data ’03/10/2024’ indicava claramente que se tratava de uma confusão na escrita e não de um insulto dirigido ao cliente, que, segundo a ótica, teria sido agressivo em sua abordagem às atendentes”, diz a nota.
A gerente da loja lamentou a exposição do ocorrido e defendeu que o cliente deveria ter um comportamento mais respeitoso ao abordar a equipe. A Belliótica também mencionou que a confusão foi solucionada rapidamente, com a troca dos óculos realizada sem problemas adicionais.
**Reflexão e Perdão**
Erasmo, por sua vez, refletiu sobre a situação e destacou que o erro tipográfico não deveria ter gerado tanto alvoroço. Ele ressaltou que a distância entre as letras A e E no teclado poderia ter contribuído para o engano, algo que poderia ter sido evitado com um melhor uso do corretor ortográfico, que muitas vezes sugere palavras comuns. “Perdoar é uma atitude que vem da consciência e não necessariamente exige uma justificativa. O que importa é que está perdoado”, comentou o advogado.
Ele enfatizou que nunca teve a intenção real de processar a ótica, mas desejava usar o incidente como uma oportunidade de conscientização sobre a importância do respeito aos direitos do consumidor e à dignidade nas interações humanas. “Às vezes, enfrentamos situações desafiadoras para provocar reflexão e mudança. A funcionária reconheceu seu erro e agora se compromete a ter mais cuidado para não ofender as pessoas”, concluiu Erasmo, sublinhando a importância da empatia e do entendimento nas relações de consumo.
Com essa atitude, o advogado reafirma o papel de protagonistas que todos têm na sociedade, lembrando que situações adversas podem levar a importantes lições de respeito e aprendizado.