A Nova Gripe Que Ameaça a Produção de Ovos nos EUA e Aumenta os Preços

No início de 2025, os Estados Unidos se deparam com um novo surto do vírus H5N1 da gripe aviária, levantando preocupações sobre a segurança de sua produção de ovos. O país, que figura como o terceiro maior produtor de ovos no mundo, gera anualmente impressionantes 113 bilhões de unidades, de acordo com dados da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO). A repetição desses surtos, especialmente considerando o histórico recente, coloca em alerta tanto consumidores quanto produtores.
Em 2022, os Estados Unidos enfrentaram um episódio severo, com 50,5 milhões de aves contaminadas, o que resultou em uma queda alarmante de 12,7% na produção de ovos em comparação a 2021, quando se alcançou a marca de 10,2 bilhões de dúzias de ovos, conforme relatado pelo Departamento de Agricultura dos EUA (USDA). Este cenário se agravou ao longo dos anos, com aproximadamente 70 pessoas, majoritariamente trabalhadores do setor agropecuário, contraindo a doença, de acordo com informações dos Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDC).
A partir de 2023, continuaram os desafios enfrentados pelo setor avícola. Esse ano foi marcado por um impacto significativo, com 58 milhões de aves afetadas, provocando uma queda na produção para 8,9 bilhões de dúzias. No ano seguinte, em 2024, a situação não se estabilizou; cerca de 43 milhões de aves foram infectadas, resultando em uma nova diminuição na produção para apenas 8,6 bilhões de dúzias. Para 2025, as previsões ainda não foram divulgadas, mas o pânico já começa a ser sentido no mercado.
A escassez de ovos tem causado um aumento nos preços, o que impacta diretamente a economia. Em dezembro de 2024, o preço médio de uma dúzia de ovos chegou a US$ 3,60, um salto considerável em relação aos US$ 2,50 registrados em janeiro do mesmo ano, segundo relatórios da Reuters. A imposição de tarifas sobre produtos importados planejada pelo presidente eleito, Donald trump, pode potencialmente complicar ainda mais a situação. Com o Canadá sendo o maior fornecedor de ovos para os EUA, exportando 46,8 milhões de dúzias em 2023, essa nova política poderia ter efeitos disruptivos. Recentemente, trump fez declarações sobre a intenção de fortalecer a união econômica entre os dois países, levantando a possibilidade de uma fusão econômica de grandes proporções.
Essa crise nos Estados Unidos pode abrir portas para o Brasil no mercado internacional de ovos. Dados da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) indicam que, em 2024, as exportações brasileiras para os Estados Unidos aumentaram em impressionantes 85%, atingindo 3,253 milhões de dúzias. O especialista Fernando Iglesias, da SAFRAS & Mercado, enfatiza que o Brasil se encontra em uma posição avantajustada em termos de biossegurança, afirmando que a probabilidade de enfrentar um surto grave no país é baixa, dado o robusto sistema de proteção do setor agropecuário nacional.
Apesar desse otimismo, Luizinho Caron, especialista da Embrapa Suínos e Aves, ressalta que, mesmo com a reputação do Brasil em biossegurança, não se pode ignorar os riscos associados a surtos de gripe aviária. Embora a escassez de produção nos Estados Unidos possa beneficiar a balança comercial brasileira, com oportunidades para o Brasil suprir a demanda por carnes, laticínios e ovos, a possibilidade de disseminação do vírus é uma preocupação persistente. Caron menciona que o risco de transmissão entre humanos, embora remoto, é uma possibilidade a ser monitorada.
O Brasil já enfrentou um incidente de gripe aviária em uma granja do Rio Grande do Sul no ano passado, causado por aves migratórias. Esse evento resultou na suspensão temporária das exportações de carne aviária, mas as autoridades locais conseguiram conter a situação rapidamente, restaurando a confiança no setor. Ricardo Santin, presidente da ABPA, reforça a importância de manter a vigilância ao demonstrar que o país ainda não teve surtos em sua produção industrial, enquanto campanhas de conscientização são implementadas para mitigar riscos na avicultura não industrial.
Em um desdobramento recente, um idoso de 65 anos nos Estados Unidos faleceu devido à gripe aviária, marcando a primeira morte humana relacionada a esse surto no país. A Organização Mundial de Saúde Animal (OMSA) emitiu um alerta global instando a comunidade internacional a manter uma atenção redobrada frente à ameaça que a gripe aviária representa, destacando suas consequências potenciais para mamíferos, incluindo humanos. A enfermidade, causada pelo vírus Influenza A (IAV) altamente patogênico, demanda uma vigilância incessante para controle e prevenção de infecções, tanto em aves silvestres quanto em ambientes de criação doméstica.
Embora o Brasil continue a adotar medidas rigorosas de biossegurança, a vigilância contínua e a cooperação internacional são cruciais para enfrentar os desafios que a gripe aviária impõe, garantindo que o país permaneça livre de surtos e apto a suprir a demanda global por produtos avícolas.