A Influência das Suas Roupas no Comportamento Pessoal

Uma das orientações mais valiosas que já recebi foi de meu pai no início da minha jornada na faculdade. Ele disse: “Quando sentir solidão, tristeza, sobrecarga ou desmotivação, simplesmente calce seus tênis. Não se preocupe em pensar no que vem a seguir.” Essa simples dica se mostrou surpreendentemente eficaz, fazendo com que eu me visse em diversas situações, como indo à academia, fazendo uma caminhada para encontrar amigos ou até mesmo colocando a roupa em dia. Essa abordagem sempre surtiu efeito positivo. Colocar os sapatos não apenas me ajuda a sair de um estado depressivo, mas também quebra uma barreira entre mim e as ações que sei que podem me trazer felicidade.

A psicóloga clínica, Dra. Barbara Greenberg, confirma que essa ideia tem respaldo científico. Ela explica: “Há evidências que mostram uma ligação significativa entre o que vestimos e nossa motivação.” De acordo com ela, vestir-se adequadamente pode aumentar a autoconfiança, resultando em um aumento da disposição para agir.

Se seu objetivo é se exercitar mais, socializar ou quebrar a rotina, uma sugestão prática é começar o dia calçando seu par de sapatos preferido. Mas por que essa simples ação pode impactar tanto nossos sentimentos? A psicóloga afirma que a forma como nos vestimos comunica ao nosso cérebro o “papel” que estamos desempenhando. “Ao vestir seus sapatos e as roupas adequadas,” explica Greenberg, “você realmente está se preparando para assumir uma nova identidade ou versão de si mesmo.”

Vestuários confortáveis, como calças de moletom e chinelos, podem sinalizar ao corpo que é hora de relaxar, enquanto roupas mais formais, como um terno, incitam um estado mental de prontidão e trabalho, observa Marissa Nelson, terapeuta de casamento e família. Ela menciona o termo “cognição vestida”, que refere-se ao impacto que nossas escolhas de vestuário têm sobre nosso estado emocional. Essa relação é uma das razões pelas quais muitas escolas adotam uniformes, pois acredita-se que eles promovem foco e disciplina entre os alunos.

Entretanto, os itens que podem ajudá-lo a sair da rotina não estão restritos a tênis; suas escolhas podem ser variadas a cada dia. Você talvez precise de um par de calças de yoga para um dia extenso, ou um suéter que lhe traga nostalgia e conforto, ou até mesmo uma peça de roupa que aumente sua autoconfiança. O importante é reconhecer que o vestuário oferece uma oportunidade de intencionalidade a cada manhã, permitindo que você considere como deseja se apresentar ao mundo. Isso aborda a reflexão de “Como quero aparecer para mim e para os outros hoje?”

Mudanças comportamentais podem ser o primeiro passo em direção à transformação emocional. Em vez de esperar pela motivação para realizar atividades desejadas, aconselha Greenberg, comece pelo seu comportamento. “Muitas pessoas acreditam que precisam mudar sua mentalidade antes de agir,” ela afirma. “Porém, a mudança real começa na ação. Ao modificar seu comportamento, suas emoções também começam a se ajustar.”

Calçar os sapatos, obviamente, não resolverá todos os problemas emocionais, especialmente se você está enfrentando desafios significativos como a depressão, que requer apoio profissional. Contudo, se a sua sensação de estagnação estiver refletindo muito em um dia difícil, mudar a perspectiva pode ser a chave. Greenberg reforça que “se você se empenhar e ir à academia, inevitavelmente, se sentirá mais leve.”

Pequenas ações diárias, como acordar e vestir roupas confortáveis que fluam com suas atividades, podem ajudar a eliminar os obstáculos que nos impedem de nos manter ativos e socialmente engajados. O apoio social, ressaltado por Greenberg, é fundamental para escapar da introspecção, conectar-se com outras pessoas e liberar endorfinas, os hormônios do bem-estar. O exercício físico não só melhora o humor, através desse ciclo de endorfinas, como também ajuda a sair do ambiente isolado, contribuindo para uma positividade duradoura. “Quando as pessoas têm suporte social, amigos confiáveis e se exercitam regularmente, a tendência é que o humor apresente melhorias significativas,” conclui Greenberg.