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A creator economy: os micro criadores estão longe de desaparecer

Nos últimos dias, o cenário do marketing digital tem sido palco de discussões acaloradas sobre a suposta queda da popularidade dos micro e nano creators. Esse debate, que ganhou força em newsletters e postagens no LinkedIn, emerge a partir de uma pesquisa realizada nos Estados Unidos entre julho e setembro pela Linqia, que envolveu 200 profissionais de marketing de empresas de grande porte. Os resultados indicam uma crescente preferência das marcas por parcerias com celebridades e mega influenciadores, ao passo que a busca por nano creators estaria em declínio. Contudo, é crucial destacar que essa interpretação, se transportada para o contexto brasileiro, pode ser bastante arriscada.

O brasil apresenta uma realidade social e digital distinta. De acordo com dados da Comscore, o país é o terceiro maior consumidor de redes sociais do mundo, superando até mesmo os Estados Unidos, além de ser um líder global em termos de Creator Economy. Portanto, convém frisar que o que está realmente perdendo força não são os micro creators, mas sim um modelo ultrapassado que ainda é adotado por alguns players do mercado na hora de avaliar parcerias e definir estratégias de campanha.

Neste cenário, a tecnologia surge como uma aliada essencial. O trabalho com micro e nano creators é fundamental para as marcas que almejam lançar campanhas autênticas, com forte conexão emocional e relevância para o público-alvo. Quando esse recurso é combinado com ferramentas eficientes, como a inteligência artificial (IA), as empresas conseguem realizar uma seleção de creators de forma mais estratégica, ágil e que possibilita mensurar resultados efetivamente. Assim, a autenticidade da comunicação não só deve ser mantida, mas também valorizada como um patrimônio inestimável.

Identifico quatro desafios principais que os anunciantes frequentemente enfrentam ao trabalhar com creators e como a tecnologia pode ajudar a superá-los. O primeiro desafio é a identificação dos creators adequados. Um estudo da Data-Makers, em colaboração com a CDN, revela que 64% dos anunciantes têm dificuldades em encontrar influenciadores que representem fielmente suas marcas. Com o avanço da IA, é possível criar e treinar modelos que tornam esse processo mais ágil e preciso, eliminando subjetividades e viéses na escolha, além de proporcionar uma análise fundamentada em dados reais sobre comportamento e engajamento.

O segundo desafio está relacionado à definição de preços justos. Atualmente, a estrutura tradicional de marketing, repleta de intermediários e processos burocráticos, acaba inflacionando o custo para campanhas que envolvam micro e nano creators. Na BrandLovrs, identificamos que anunciantes podem desembolsar até cinco vezes mais em campanhas com uma cadeia excessiva de intermediários, enquanto os creators recebem apenas uma fração desse valor. O uso da IA para uma precificação dinâmica pode otimizar esse aspecto, permitindo um retorno mais justo e equilibrado para todas as partes envolvidas, o que torna a colaboração com criadores menores uma alternativa viável e inteligente.

O terceiro desafio refere-se à execução eficiente das campanhas. Muitas marcas reconhecem o potencial dos micro creators, mas frequentemente se deparam com entraves operacionais ao tentar gerenciar suas ações de marketing. A boa notícia é que já há tecnologias disponíveis que podem gerenciar todo o processo de execução de forma eficiente, permitindo que empresas trabalhem em escala com milhares de creators ao mesmo tempo, resultando em uma economia significativa de tempo e recursos.

Por fim, a mensuração dos resultados das campanhas representa outro grande entrave. Segundo a pesquisa da Data-Makers, 52% dos CMOs consideram desafiador avaliar os resultados das iniciativas de marketing com criadores de conteúdo. A implementação de sistemas tecnológicos avançados deve se tornar uma prioridade nessa avaliação, já que a mensuração precisa ir além de simples métricas como curtidas e visualizações. O foco deve ser na profundidade dos engajamentos e na construção de marca a longo prazo, oferecendo uma visão mais abrangente do impacto das campanhas.

Dessa forma, é evidente que a tecnologia se posiciona como o elemento central para liberar o vasto potencial dos micro e nano creators. O brasil está em uma posição única para novamente se destacar no cenário global de marketing digital. O profissional que se atentar a essas transformações e souber integrar essas ferramentas tecnológicas em suas estratégias terá a chance de desvendar o verdadeiro potencial da Creator Economy, que ainda está em sua fase embrionária e promete grandes transformações para o futuro.

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