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“2024: O Ano em que o Empoderamento Feminino Transformou a Cultura Pop”

Em 2024, o desejo feminino não apenas se destacou, mas assumiu um papel de liderança na cultura popular, refletindo um movimento contínuo em direção à liberdade sexual e à expressão dos anseios femininos. Esse ano se despede de forma impactante com o aguardado lançamento de “Babygirl”, um filme que promete ser uma pedra angular desse movimento. Com chegada nos cinemas brasileiros agendada para 9 de janeiro de 2025, a produção traz Nicole Kidman no papel de uma empresária poderosa que descobre um novo lado de sua sexualidade ao se submeter a um dos seus estagiários. Durante uma coletiva de imprensa no Festival de Veneza, Kidman enfatizou a singularidade do filme, afirmando que “é contado por uma mulher, através de seu olhar”, o que, em sua visão, o torna ainda mais libertador e inovador.

Dirigido pela cineasta Halina Reijn, “Babygirl” é um reflexo da descomplicação do prazer feminino na narrativa cinematográfica. Reijn, em sua intervenção durante a coletiva, destacou o desejo de abordar a “enorme lacuna do orgasmo” que persiste entre homens e mulheres. Embora a sexualidade feminina tenha encontrado representantes ao longo da história — desde os romances instigantes de Edna O’Brien até os sons provocativos de Jane Birkin e as letras audaciosas de Cardi B — essas expressões muitas vezes estiveram à margem da sociedade. Recentemente, porém, uma série de manifestações da sexualidade feminina emergiu com força total, passando de vozes isoladas para protagonistas na cultura pop moderna, abrangendo o universo do cinema, da música, da televisão e da literatura.

A música, em particular, tem sido um campo fértil para a expressão do desejo feminino. Chappell Roan, por exemplo, viu seu número de ouvintes mensais no Spotify saltar de 1 milhão para mais de 43 milhões, em grande parte devido à sua autenticidade ao abordar relacionamentos queer. Suas letras, que incluem referências explícitas à sexualidade, exemplificam a nova audácia presente na arte. Sabrina Carpenter também não ficou em silêncio, marcando seu lançamento musical com uma legenda que deixava claro o compromisso com um discurso sexual explícito. Seu álbum “Short n’ Sweet” alcançou o topo das paradas, reforçando a ideia de que o prazer feminino não é apenas relevante, mas um tema em ascensão no mainstream.

A cultura pop foi impulsionada por sons provocativos, como “Nasty” de Tinashe, que fala abertamente sobre o desejo, e “Eusexua” de FKA Twigs, que explora a energia eufórica do prazer. A narrativa feminina se estendeu para além da música, alcançando plataformas digitais como o aplicativo de áudio erótico Quinn, que reportou um crescimento significativo em sua receita ao apresentar narrativas eróticas lidas por celebridades. Esse aumento na demanda por narrativas sexuais femininas indica uma mudança marcante de percepção, onde o desejo feminino não é mais relegado ao espaço secreto da discussão. Caroline Spiegel, CEO da Quinn, sublinha que o desejo feminino agora está em uma nova fase de visibilidade, quebrando tabus e se tornando uma parte aceitável do discurso cotidiano.

No âmbito da literatura, obras como “Corte de Espinhos e Rosas” de Sarah J. Maas, um romance de fantasia que explora a sensualidade, conquistaram os ouvintes e leitores, tornando-se um dos audiolivros mais populares do ano. Essa obra é um exemplo de como a narrativa feminina está sendo amplamente explorada e celebrada. A televisão também acompanhou essa evolução, apresentando séries que abordam o prazer feminino de maneira complexa e diversificada, como a adaptação de “Three Women”, que expõe a vida sexual de três personagens distintas, e “Bridgerton”, que trouxe cenas inovadoras que defendem o consentimento e o prazer.

Além disso, novas vozes têm surgido, como a editora Gillian Anderson, que compilou uma coleção de fantasias sexuais femininas em “Want”, buscando dar voz a desejos que muitas vezes permanecem inexplorados. Essa coletânea reflete um movimento em direção à sinceridade ao falar sobre sexualidade e suas nuances, especialmente em relação às inquietações que cercam o desejo feminino.

Médicos e pesquisadores, como Justin Lehmiller do Instituto Kinsey, também corroboram essa mudança. Ele observa que a experiência sexual feminina e a masturbação estão se tornando menos tabu e mais reconhecidas em nossa sociedade atual. O crescimento de um mercado dedicado a produtos que elevam a satisfação feminina evidencia a transformação do desejo em uma experiência mais universal e acessível. Essa nova perspectiva, com mulheres na vanguarda do conhecimento sobre prazer sexual, muda a narrativa, fazendo com que possamos imaginar um futuro onde o desejo feminino não apenas existe, mas é celebrado abertamente. Dessa maneira, os últimos tempos provam que as mulheres não estão mais sussurrando — elas estão gritando e, definitivamente, fazendo-se ouvir.

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